20 de maio de 2009

Crise de Ética da Câmara: Se Conselho fosse bom, se vendia

“O povo só será soberano, isto é, só se constituirá como detentor do poder máximo da sociedade, se for suficientemente esclarecido pelos homens de letras.” (Opinião Pública e Revolução. São Paulo: Edusp / Nova Stella, 1989, pág. 23).
A mídia não tem a responsabilidade de formar a opinião de seu público. Tem esse poder, portanto deve ser responsável pelo que noticia e/ou divulga, já que fornece embasamento para que o público possa formar e sustentar sua opinião.
O contexto político brasileiro, como diria Bóris Casoy, é uma vergonha! E esta pode ser própria, alheia, corporativa. Os escândalos estão aí, para quem quiser ver, o espaço está aberto para quem quiser se manifestar e a cara-de-pau está aí, para que todos vejam...
Edmar Moreira, segundo vice-presidente (é o responsável na falta do presidente da Câmara, que pode substituir o Presidente da República) e corregedor da câmara (representa o presidente da Câmara), tem um castelo avaliado entre 20 e 25 milhões de reais, em São João do Nepomuceno, cidade histórica de Minas Gerais.
Nas últimas eleições, Moreira teria ocultado tal empreendimento, ele diz ter registrado no nome de um de seus filhos e que haveria construído o castelo com o objetivo de fomentar o turismo na região. Além disso, Moreira é acusado de ter dívidas com o INSS no valor de até R$ 1 milhão, que seriam oriundas de uma empresa na área de segurança. A empresa recolheria a contribuição previdenciária dos trabalhadores, mas não a encaminhava ao INSS. Moreira diz que os deputados não devem julgar seus colegas (ora, pois, não seria essa uma das suas funções?!?)
Foi aberto Processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara, cujo relator era o deputado Sérgio Moraes (PTB/RS) - aquele que está “se lixando para a opinião pública” e cujo currículo conta com: acusações de lenocínio, receptação de jóias roubadas, agressão e de envolvimento com uma rede de prostituição – crime pelo qual chegou a ser condenado em primeira instância, e ainda: manter um telefone público na casa do próprio pai – do qual foram feitas várias ligações interurbanas e para serviços de disque sexo, todas pagas com dinheiro público.
Lamentavelmente, é assim que estamos sendo representados por muitos deputados. Através da mídia e da manifestação civil (Internet 2.0 = participação!) da opinião pública, pode-se pressionar os indivíduos, exigindo que cumpram com seus deveres. Resultando assim, num uso mais democrático da mídia e dos cargos públicos.
Finalmente, Moraes foi destituído do cargo de relator, devido à sua postura e a relevância que dá a opinião pública. Cabe aqui questionar se a repercussão do caso se deve ao descaso do deputado quanto à principal formadora de opinião do público ou ao que este último pensa realmente.

Por Cíntia Arbeletche

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