21 de abril de 2009

MEC realiza audiência sobre mudanças curriculares do curso de Jornalismo

Ministério propõe cursos de especialização em jornalismo para graduados em outras áreas.

O Ministério da Educação realizou na última sexta-feira, 20, no Rio de Janeiro, uma audiência pública para discutir possíveis mudanças no currículo dos cursos de jornalismo. O público alvo do encontro foi a comunidade acadêmica, como alunos, professores e pesquisadores da área. Os participantes do encontro puderam dar sugestões à comissão criada pelo Ministério para rever conceitos quanto ao currículo das graduações em jornalismo.
Os debates na audiência demonstraram uma preocupação com a qualidade do ensino, principalmente nas universidades particulares em todo o país, além da criação de regras para estágio e condições para que atuem em diferentes mídias, e a facilitação do acesso das universidades à emissoras de rádio e canais de televisão.
A discussão das diretrizes curriculares já é um fato comum para o MEC, uma vez que os cursos de Medicina e Direito já passaram pelo mesmo. A intenção desta vez é permitir que formados em outras áreas também possam exercer a profissão de jornalista. Para isso, está sendo estudada a possibilidade de criação de cursos de especialização em jornalismo. Os profissionais e futuros acadêmicos dessa graduação não gostaram da novidade. Para eles a mudança é tão absurda quanto ver um enfermeiro fazendo cirurgia. “Estudamos durante quatro anos teorias e técnicas de escrita, fala, apresentação e ética para depois o MEC habilitar um profissional de qualquer área a exercer nossa profissão com apenas um cursinho”, lamenta a radialista Juliana Amaral.
A mudança no currículo também incentiva a discussão sobre a regulamentação da profissão. Ser jornalista sem diploma é como deixar que um pedreiro projete uma casa. O resultado do trabalho nunca será baseado na ciência, mas somente no conhecimento empírico. Jornalismo não é hobby. O surgimento do curso superior decorreu da demanda de pessoas qualificadas para exercer a atividade. Permitir que não graduados em jornalismo atuem como tal é deixar que a imprensa brasileira perca a credibilidade.
Até o dia 30 de março, professores, alunos, profissionais e civis podem dar suas opiniões e sugestões ao Ministério da Educação através da Internet. As mensagens serão recebidas pelo endereço consulta.jornalismo@mec.gov.br.

Por Thais Abrão

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