Lúcio Vaz volta a Pelotas e faz um resgate de sua história profissional
Lúcio Vaz, jornalista há 31 anos, esteve visitando a cidade no dia 20 de março, em virtude da palestra sobre o movimento estudantil pelotense na década de setenta. No dia seguinte, ele conversou com o jornal Atuação.
Natural de São Gabriel, Lúcio veio à Princesa do Sul cursar Jornalismo na Universidade Católica de Pelotas. Foi um dos fundadores do Diretório Acadêmico do curso de Jornalismo, Wladimir Herzog. Neste período as liberdades eram escassas, devido à ditadura militar. “Nessa época, eu era filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), o movimento estudantil tinha como objetivos: acabar com a ditadura, criar eleições diretas e implantar o socialismo; se não conseguimos a maioria de nossos desejos, pelo menos conquistamos uma democracia, hoje, consolidada”, disse Lúcio.
Nessas três décadas de jornalismo, Lúcio passou por vários órgãos de imprensa. Em Pelotas trabalhou na rádio Tupanci, o jornal Diário da Manhã, depois, TV Tuiuti (atual RBS) e como fotógrafo da Zero Hora – durante o período da faculdade (1977-1980).Com o término do curso foi trabalhar no conglomerado Caldas Júnior, por quatro anos. A seguir, então, o período em Brasília, onde está há 24 anos. Na capital brasileira, Lúcio trabalhou nos jornais: Globo, Folha de São Paulo e Correio Braziliense – onde trabalha hoje.
Ele é jornalista investigativo. Sua principal missão é ir atrás das irregularidades do Executivo. Para isso ter boas fontes é imprescindível, tanto dentro das Câmaras de Deputados e Senado, destarte, nos órgãos de controle do governo, como: Tribunal de Contas e Polícia Federal. Esse é um trabalho perigoso, porque mexe em negócios duvidosos, que envolvem pessoas poderosas. Lúcio já correu risco de morte por ter de denunciar, em 2006, o caso das “Sanguessugas” – ambulâncias eram superfaturadas por deputados para enriquecimento ilícito. Vaz recebeu a denúncia de um órgão do governo, fez a investigação e denunciou os nomes dos envolvidos. A sorte parecia estar ao seu lado. Paralelamente a investigação de Lúcio, a polícia investigava a mesma denúncia, entretanto, Lúcio estava jurado de morte pelos envolvidos. “A Polícia Federal havia colocado um agente para me fazer proteção, em contrapartida, meus algozes também colocaram pessoas para me seguir, nos dois casos, sem eu saber. Depois a Polícia Federal me mostrou a gravação telefônica, a qual, meu nome era citado para ser executado. Ouvi a ligação por intermédio da Polícia Federal normalmente, pois entendi a posição dos perseguidores”, contou Lúcio - com uma calma incomum para quem foi ameaçado de morte. “São riscos da profissão”, acrescentou.
Lúcio é autor do Livro “A ética da malandragem: No submundo do Congresso Nacional”. Na obra, o autor relata os bastidores do Congresso, além de dar dicas no uso das fontes, checagem de informações e sobre os riscos corridos pelo seu envolvimento em casos polêmicos. Lúcio ensina no livro o que o jornalista deve ter como maior meta na profissão: a busca pela verdade, independentemente dos riscos. Talvez seja essa a diferença dos bons jornalistas em comparação aos ruins.
Andrey Bezerra Frio
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