21 de abril de 2009

Unificação da Língua portuguesa? Como assim?

Então agora não posso mais falar “lingüiça” com o som do u? Essa foi uma das confusões sobre o novo acordo ortográfico tão divulgado pela mídia, de certo modo equivocado. Esforços não foram poupados pelos meios de comunicação em fornecer as novas regras, mas talvez tenha faltado um pouco de conhecimento nas informações passadas pela mídia o que deixa de cabelo em pé muitos lingüistas.
O professor do Departamento de Lingüística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), José Luiz Fiorin, ressalta que não está acontecendo nenhuma reforma na língua portuguesa porque a língua é impossível de ser alterada por leis, decretos e acordos. “O que se deseja fazer é uma unificação da ortografia, ou seja, da convenção por meio da qual se representam graficamente as formas faladas da língua, se escrevem as formas da língua. O que se pretende unificar é a escrita e não a língua, que varia de região para outra, de um grupo social para outro, de uma situação de comunicação para outra, de uma faixa etária para outra”, diz Fiorin.
Até então existe um sistema ortográfico em vigor no Brasil e outro em Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Timor Leste. No cenário mundial a diferença entre as duas grafias por vezes não impede a compreensão dos textos grafados tanto em uma quanto em outra, mas quem é a favor do acordo alega que a duplicidade ortográfica dificulta a difusão internacional do português. Até então, Portugal não aceita a certificação de proficiência brasileira ou a legitimidade de seus materiais didáticos e instrumentos lingüísticos.
Embora as dúvidas de alguns de que essa seja uma alternativa eficiente para mudar esse cenário, se ressalta um outro aspecto fundamental que tem sido deixado de lado por alguns comunicadores e que é reclamação de muitos lingüistas, principalmente de um dos mais conceituados, o professor e pesquisador Marcos Bagno. A de que a mídia tem a tendência a não ter a mesma responsabilidade com os assuntos relacionados a língua e a escrita como tem em outras áreas. Afinal se a reportagem fala sobre saúde procura-se um médico como fonte, mas em casos como o que se está tratando, desaparecem os lingüistas e sobram comentários de gramáticos coonservadores.

Por Giane Fagundes

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